sexta-feira, 17 de julho de 2009

Histórias D'uma vida - 5th Ministerial Conference of the Community of Democracies


Este fim de semana (11 e 12 de Julho) foi, apesar de ainda ontem ter dito que não era bem uma aventura, uma aventura para mais tarde recordar. Desde falar um pouquito com o antigo embaixador da NATO Robert Hunter, de desenrascar o ex-Presidente Dr. Jorge Sampaio até ajudar vários embaixadores e/ou ministros dos negócios estrangeiros numa conferência internacional onde estiveram presentes representantes de mais de 140 países. Pelo meio fiquei a conhecer os cantos à casa do C.C.B. (Centro Cultural de Belém), tive uma experiência ímpar de almoçar no claustro do Mosteiro do Jerónimos(!) e por último mas para mim o mais importante no meio disto tudo, tive o prazer de conhecer vários/as colegas de equipa simpáticos/as, inteligentes e consequentemente interessantes. Visto ser uma história um pouco comprida deixo-vos com este resumo para mais tarde, aí sim, contar um pouquito mais desta bonita experiência...

(Na segunda, dia 13, escrevi até aqui. Era para ter sido publicado logo mas ficou como rascunho e decidi pôr tudo junto, sendo que o que está escrito até agora fica como resumo e o que vai ser escrito agora será uma versão alargada. Acabei agora de pensar que não será de descurar uma possível adaptação deste sistema para futuras mensagens visto que já foi com certeza visível que por vezes tenho uma certa dificuldade de parar de escrever ou simplesmente conto tudo até ao mais ínfimo pormenor, apesar de, mesmo aparentando isso, nunca o fazer, pois aí seria impossível esperar que alguém lê-se o que quer que fosse...)

Não vou contar tudo o que aconteceu mas a grande parte incluindo as coisas mais engraçadas e que valham a pena recordar.

Sábado, 11 de Julho

Acordei às 7h sem saber ainda o que me esperava. Só sabia que tinha que estar no C.C.B. entre as 8h00 e as 8h30. Chegado ao C.C.B. vou directo à recepção onde me esperavam. Disseram-me que nesse dia ia estar o dia todo no Hotel Plaza e deram-me uma breve explicação do que ia fazer mas também me disseram que ao chegar ao hotel tudo me ia ser explicado melhor. Disseram-me também que domingo ia estar no C.C.B. o dia todo.

Feitas as apresentações e o briefing do que pretendiam, confirmaram que o carro estava a minha espera e lá fui eu. Vidros fumados, sem perceber se se encontrava alguém na parte de trás do carro decidi entrar para o lugar do passageiro pois não me apetecia ir à ministro. Fomos a viagem toda a falar e fiquei a saber que o pai e avô do rapaz (teria os seus 20 e muitos, 30 e poucos) já tinham este tipo de profissão envolvendo condução, mas também percebi que ele gostava do que fazia o que só por si é bom. Fiquei também a saber, após uma conversa em que lhe disse que o GPS já devia estar programado para saber onde há sinais e quando ficam verdes ou vermelhos e quando há acidentes e trânsito e ainda qual o estado e tipo de/a estrada, que o GPS na alemanha já sabe quando há acidentes ou trânsito.

Chego ao Hotel Plaza e fui muito bem recebido por um colega com o qual rapidamente fiquei a vontade. Soube que apenas teríamos que dar as credenciais a todos os convidados da conferência que,estando hospedados no hotel, as fossem lá pedir. Não custou nada e à média de uma pessoa por cada 5 minutos lá desempenhámos a nossa tarefa sem qualquer dificuldade. Pelo meio conversámos bastante para quebrar a monotonia.

Perguntei a umas quantas pessoas como estava a ser a sua estadia ao que algumas responderam que estavam a gostar muito e outras até decidiram ir mais longe, como o antigo embaixador da NATO Robert Hunter, que disse que antes de eu nascer já ele tinha vindo a Portugal e também que esteve cá no ano da revolução e me perguntou se conhecia a música Grândola Vila Morena! Trocámos dois minutinhos de conversa ao qual ele decide cumprimentar-nos dizendo-nos que éramos pessoas muito simpáticas. Senti-me lisonjeado e retorqui o elogio. Ainda ouve tempo para saber que uma das pessoas que nos tinha pedido a credencial, que não existia, estava proíbido de entrar no C.C.B.

Da parte da tarde, por volta das 14h30 chegaram as camionetas para levar os convidados todos para o C.C.B. onde iria decorrer uma conferência. Visto que foram todos os convidados, decidimos ir almoçar. Como tinha que ficar sempre lá uma pessoa almoçámos à vez.

Estava eu a almoçar num mini centro-comercial do outro lado da Avenida da Liberdade, quando para meu espanto presencio algo bizarro. Vejo uma rapariga asiática dirigindo-se para a casa-de-banho. 5 metros atrás vem um senhor a coxear e com uma postura (em termos de saber estar) um tanto ou quanto estranha. Ela entra na casa-de-banho e ele ao chegar à porta da mesma fica por ali e cruza os braços enquanto olha à sua volta. Observo-o e os pensamentos percorrem-me o cérebro Será que é namorado dela? Será amigo? Guarda-costas? Não consigo descortinar o mistério de ir 5 metros atrás aliado ao facto de coxear... Será que está a espera de alguém que tinha ido à casa-de-banho e nunca mais saía? Finalmente ela sai da casa-de-banho e o mistério é desvendado. Ela age de acordo a não o conhecer, nem sequer olha para ele e passa por ele como se não existisse. Para meu espanto, o homem espera que ela esteja a uma distância de 5 metros e volta a ir atrás dela com o seu andar desengonçado.

Penso para mim Que cena estranha o que estou a presenciar... Vou falar com ela e digo "Excuse me, do you know this guy that is chasing you?" e se ela responder não "ok, then just keep going to wherever you were going and I'll talk to him". Ao mesmo tempo penso Secalhar tou a fazer um filme gigantesco e não se passa nada... Estava quase a acabar de comer e decido acabar enquanto pondero a minha decisão. Demoro 2 ou 3 minutos e nessa altura já tinha decidido agir mal acabasse e vou na direção em que eles tinham ido sem vislumbrar nenhum dos dois. Fico frustrado e durante 1 ou 2 horas não me sai da cabeça a situação e não paro de pensar se a rapariga estará bem. O meu colega também tinha razão E se ele tinha alguma faca ou arma de fogo? Se o gajo era um psicopata ainda te arriscavas a acontecer-te alguma...

Tinha razão no que disse mas arrependi-me de não ter ido falar com ela e desvendar o mistério do homem coxo que a perseguia. Nunca tinha presenciado nada do estilo nem parecido e se voltar a acontecer nem penso duas vezes.

Quando as pessoas voltaram do C.C.B. demos-lhes uma ou duas notícias e acabamos o nosso dia. Na volta para o C.C.B. volto a conversar com o condutor que desta vez desabafou comigo sobre como gostava e gosta tanto de história mas nunca foi bom à mesma e a português o que o impediu de tirar o curso que mais queria. Contou-me também muitas situações de pessoas conhecidas dele que tiraram cursos de engenharia e ainda a história do melhor professor que tinha tido.



Domingo, 12 de Julho

Acordo às 6h45 e chego ao C.C.B. as 8h00. Até por volta das 10 horas estive à entrada do C.C.B. a filtrar as pessoas que tanto podiam passar por mim e ir directos para o small auditorium ou tinham que ser reencaminhadas para a recepção. A quantidade de pessoas que queriam passar sem poderem e diziam tudo e mais alguma coisa chegou ao ponto de ser engraçado... Menos engraçado foi não ter deixado passar pessoas que tinham lojas ou trabalharam no C.C.B. e depois vir uma pessoa superior mandar vir mas percebeu que eu não tinha culpa pois tinha ordens para não deixar passar ninguém que não tivesses os cartões ou pins requeridos.

A segunda parte da manhã até ao almoço foi um reboliço. Levar pessoas ao coffee break, levar pessoas à family photo e às salas de reunião. O caso mais engraçado foi quando vou levar o ex-Presidente Dr. Jorge Sampaio a uma sala de reunião onde 10 minutos antes tinha levado a embaixatriz e o ministro dos negócios estrangeiros da Polónia e também o ministro dos negócios estrangeiros do Brasil:
- Senhor Presidente, para mim é um honra estar aqui consigo nem que seja apenas para o levar a uma sala!
- Ah muito obrigado!
Perguntei:
- Vai ter com o ministro da Polónia não é?
Ao qual ele, fazendo uma cara de espanto, respondeu:
- O quê? Mas o ministro da polónia encontra-se lá neste momento?
Respondi:
- Sinceramente não sei mas levei-o lá há mais ou menos 10 minutos.
A acessora, presumo secretária do ex-Presidente, disse então:
- Nós temos a sala marcada para agora, tem a certeza?
Respondo afirmativamente.
Chegados à sala está um senhor à porta que quando lhe pergunto se ainda se encontram em reunião responde que sim e que ninguém podia entrar. Vejo o ar de pânico do ex-Presidente e ao mesmo tempo noto que há uma sala de reuniões, cuja porta se encontra aberta, apenas uns metros ao nosso lado. Decido rapidamente dirigir-me para lá e vendo a sala vazia disse-lhes para me acompanharem.
- Esta sala parece estar vazia.
A acessora respondeu:
- Tém a certeza que não há nenhuma marcação?
- Vou verificar na recepção, volto já.
Não tive tempo pois mal repararam que estavam pessoas a entrar na sala apareceram dois japoneses a dizer:
- Essa sala é para nós, estamos só à espera de uma pessoa.
Perguntei:
- Mas a vossa marcação é já para agora?
- Não, é para daqui a 10 minutos.
Confirmo com a acessora que os 10 minutos chegam e ficou tudo solucionado e quando vou a passar pelos japoneses vira-se um senhor com ar europeu que se encontrava com eles e diz:
- Ahh, é o Presidente, pode estar à vontade..!
Ouvindo isto dito de forma tão categórica os japoneses ficaram com um ar surpreendido.

Daqui para a frente só podia correr tudo bem. No final da manhã já estava tudo mais calmo e estive com uma colega junto às salas de reunião para o caso de ser preciso alguma coisa. Falámos e aproveitámos para nos conhecermos um pouco melhor.
Fomos almoçar ao claustro do Mosteiro dos Jerónimos que para mim foi algo espectacular e dificilmente repetível! Até aqui o convívio entre a nossa equipa tinha corrido lindamente e mais cimentado ainda ficou com este almoço de família.
Após o almoço aconteceu uma situação engraçada. Dois senhores e uma senhora queriam ir ver o túmulo do Vasco da Gama à igreja e perguntaram se era possível eu levá-los lá. Possível claro que era, a questão é se era prudente ou não visto que as ordens eram no sentido de não se sair do espaço vedado pela polícia. (Esqueci-me de mencionar que havia polícia por todo o lado para garantir a segurança de tanta gente importante internacionalmente) Eu não queria nada quebrar as regras, apesar de saber que ninguém viria a saber pois já quase todos tinham ido andando para o C.C.B., mas quando me começaram a dizer que era uma opurtunidade única na vida deles de ver o túmulo do grande senhor que descobriu o continente asiático decidi dizer-lhe que os levava lá mas só ficávamos lá 1 ou 2 minutos ao que eles acederam positivamente e com um ar bastante feliz. Uma das minhas colegas fez questão de me perguntar se queria companhia para esta aventura e claro que disse que sim. Em boa hora o fez pois teve a brilhante ideia de pedir a 2 polícias de intervenção que se encontravam à porta do Claustro para nos acompanharem o que tornou tudo sem dúvida mais fácil. Foi reconfortante ver os 3 a tirararem várias fotografias junto do túmulo com um ar de felicidade estampado no rosto.

Voltámos ao C.C.B. e a tarde voltou a ser calma como já o tinha sido no dia anterior. Eu e a minha colega da zona das salas de reunião voltámos a ficar lá e voltámos a conversar desta vez com a companhia de vários seguranças (do ministro indiano, de Madeleine Albright e de outro senhor que não sei quem era). Deu para ver os seguranças a elogiarem a minha colega inúmeras vezes ao ponto de ela ter mesmo ficado atrapalhada. Não haja dúvida que ela é bonita, simpática, inteligente e boa pessoa, além de ser uma pessoa bastante comunicativa. É claro que isto ajudou os nossos amigos a sentirem-se à vontade para se meterem com ela. Tivémos na conversa com eles sempre que não era preciso fazer nada e após se terem ido embora fomos sentar-nos um pouco no sofá para finalmente desanuviar (estivemos os dois dias praticamente o tempo todo de/em pé em ambos os dias o que faz 23h!).


Para mim foi um prazer participar neste evento com uma equipa super agradável e que me fez sentir em casa. Um grupo onde predominavam as mulheres que, em grande número e com uma beleza, simpatia e boa disposição interessante, fizeram deste fim-de-semana uma bela aventura.


P.S. - Esta mensagem ganhou oficialmente a medalha de ouro na corrida pela maior mensagem até agora. No entanto ainda ficou muito por contar e peço desculpa caso me tenha esquecido de algo importante. Se alguém teve paxorra para ler isto tudo os meus parabéns. Da minha parte posso dizer que demorei quase 3 horas a escrevê-la!

2 comentários:

Anónimo disse...

O pá stairway tu achas mesmo qe alguem no seu estado normal ou mesmo todo drogado, vai ler este texto de 10 paginas


lmao rotf lol

Stairway to Heaven disse...

Não sei Anónimo, e tu achas mesmo que eu estou preocupado com isso?
Aliás, parece-me que tu é que estás preocupado com isso ou não terias sequer feito esse comentário desnecessário...